24 março 2009

 


Come to the Dark Side of the Force...

Uma questão fundamental para o manutenção do domínio da Microsoft sobre o sistema operacional dos computadores é o medo infundado (que, por ser infundado, beira o pavor e o ódio preconceituoso) que as pessoas em geral têm de Linux. Manter esse receio irracional e coletivo demanda algumas ações, entre as quais destacam-se as mais conhecidas:
a) tolerar e, dentro de certos limites, permitir o pirateamento do Windows, e
b) alfabetizar e catequizar crianças e jovens, fazendo-os acreditar que não existe nada confiável além do Windows.

A primeira medida visa evitar que, por falta de Windows, os usuários de computadores genéricos (os PCs cinza, sem marca de renome, que são preparados clandestinamente ou semi-clandestinamente) tenham contato com Linux e outros sistemas operacionais livres. Essa estratégia torna-se lucrativa, porque a clandestinidade do Windows executado nos computadores genéricos é custeada e compensada pelo instalação em fábrica do Windows OEM que equipa as máquinas produzidas pelos grandes fabricantes e que, portanto, tem seu preço devidamente cobrado do consumidor no momento da compra do computador.

Para a Microsoft, o pirateamento de Windows é um mal necessário, que garante que o usuário não conhecerá outro sistema operacional. Se a grande maioria dos usuários desconhece qualquer coisa além do Windows, o mercado legalizado (que é o mercado que garante receita à Microsoft), ainda que a contragosto, permanece com o Windows.

A segunda medida objetiva assegurar que as pessoas aprendam a utilizar apenas e tão somente o Windows, imputando-lhes um conjunto de medos, preconceitos e idéias errôneas sobre sistemas operacionais livres (especialmente sobre Linux).

Nessa segunda frente de ataque, a Microsoft investe maciçamente em estratégias para introduzir seus softwares no meio escolar e acadêmico. Não é à toa que, embora passem relativamente despercebidas, notícias de parcerias e convênios entre o poder público e a Microsoft são comuns no noticiário doméstico.

A situação é ainda mais lamentável, porque justamente o poder público, que deveria se empenhar em libertar os usuários e cultivar o desenvolvimento e emprego de software livre, é quem acaba por realizar as parcerias e os convênios que reforçam o domínio (quase monopólio) de uma única empresa, que tem inclusive a desvantagem de não produzir o melhor sistema operacional disponível.

Nesse sentido, é lamentável que o Governo do Estado de São Paulo, por exemplo, empenhe-se em determinadas parcerias com a Microsoft, conforme consta do próprio portal do Governo (em 21.set.2007 e 14.out.2008).

Mais lamentável é perceber que a Prefeitura do Município de São Paulo desfez a estrutura de software livre que funcionava nos centros municipais de informática, para inserir sistemas operacionais e aplicativos da Microsoft. N'O Estado de S. Paulo, duas reportagens publicadas no Link (em 29.out.2007 e 17.dez.2007) indicam esse caminho.

Obviamente não são todos os órgãos e entidades da administração pública brasileira que cultivam o domínio da Microsoft em detrimento do software livre, mas é possível constatar que parcelas importantes do poder público (como o Governo do Estado e a Prefeitura) trabalham e empenham-se em cooptar desde a mais tenra idade os usuários de computador para a Microsoft.

 

Nenhum comentário: