21 julho 2009

 


Linux funciona?

Depois de tanto mencionar os tais preconceitos contra o Linux, é melhor listar claramente os mitos e preconceitos que habitam o imaginário de grande parte do público. Embora Why Linux is better desfaça mais detalhadamente esses mitos, é sempre bom pensar a situação mais amplamente, para que haja uma melhor noção geral. Para grande parte das pessoas, o Linux:
a) não funciona (o sistema operacional em si não funciona ou não funciona com o hardware da máquina);
b) não tem aplicativos (faltam os softwares que o usuário deseja);
c) não é compatível (os padrões, formatos e protocolos não funcionam corretamente com outros sistemas operacionais);
d) é difícil de usar.

Antes de sair em defesa do Linux, é importante ressaltar que todos os problemas listados acima podem facilmente ocorrer numa má distribuição. Uma das grandes vantagens do software livre pode ser também sua maldição: qualquer pessoa pode tomar o Linux (e quaisquer aplicativos livres) e com ele construir um péssimo sistema operacional (isto é, uma péssima distribuição). Assim, podem existir vários Linuxes que não funcionam, que não têm aplicativos, que não são compatíveis e que são difíceis de usar. Por outro lado, sei que existem vários Linuxes que funcionam perfeitamente, têm milhares de aplicativos, são compatíveis com os principais sistemas operacionais não-Linux, e são facílimos de usar.

Assim, tomando como base uma boa distribuição:

1. O uso livre de problemas é a demonstração de que o Linux funciona. Neste caso, a questão é basear-se num uso que possa ser referência e prova de bom funcionamento. Para mim, uma das maiores provas de que o Linux funciona muito bem é o seu extenso e majoritário uso em super-computadores. A grande maioria dos 500 maiores computadores utiliza Linux. Se Linux não funcionasse, o Roadrunner (o computador de maior capacidade de processamento) não usaria Linux.

2. Os maiores repositórios para Linux têm mais de 25.000 pacotes. Cada pacote não é necessariamente um aplicativo, mas, a partir desse número, é possível ter noção do tamanho do universo de software para Linux. Além disso, explorando esse universo, é possível descobrir que existem aplicativos que só estão disponíveis para um determinado sistema operacional e que esse sistema operacional não é necessariamente o Windows: sim, existem aplicativos e ferramentas que estão disponíveis apenas em Linux, e os usuários de Windows simplesmente não podem realizar essas tarefas, porque seus sistemas operacionais não dispõem dessas funções. Em suma, depois da tantos anos de desenvolvimento, as funções demandadas por 95% dos usuários de computador são perfeitamente atendidas por aplicativos de Linux e Windows. São poucas as funções que só podem ser realizadas por um ou por outro sistema operacional.

3. Com a padronização de formatos e protocolos abertos, o Windows tem ficado defasado no suporte a padrões. Em outras palavras, o Linux suporta os padrões, formatos e protocolos do Windows. O Windows, por outro lado, não suporta vários padrões, formatos e protocolos que são utilizados pelo Linux. Assim, ao usuário de Linux que quiser inter-operabilidade com o Windows, basta usar no Linux os padrões aceitos pela Microsoft (usar .doc, em vez de .odt, por exemplo).

4. De todas as questões, a facilidade de uso é a mais subjetiva e pessoal. Se a mera disposição diferente de ícones na área de trabalho é uma dificuldade para o usuário, então qualquer sistema operacional ao qual o usuário não esteja acostumado pode ser um problema (e uma simples configuração diferente do mesmo sistema operacional pode ser igualmente problemática). De maneira geral, existem distribuições com interfaces gráficas bastante fáceis, lógicas, naturais e auto-explicativas, pelas quais é possível realizar tarefas que, em Linux, são vistas como difíceis pelo público em geral (tais como instalar aplicativos). Com o intuito de justamente facilitar uma migração de Windows para Linux, algumas distribuições desenham e dispõem suas interfaces gráficas de modo bastante similar às interfaces gráficas de Windows. Assim, para um usuário proveniente de Windows, a migração para essas distribuições chega a ser mais fácil do que a migração para Macintosh.

 

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