The readiness is all
O impensável aconteceu: em 24 de abril (isto é, no dia seguinte à publicação do Jaunty Jackalope), tentei atualizar o meu Ubuntu 8.10 para a versão 9.04 por meio do sistema de atualização do próprio sistema operacional. No processo de atualização, todos os pacotes necessários foram baixados e a maior parte da instalação do 9.04 transcorreu normalmente. Próximo do fim, antes da atualização estar completa, o sistema travou. Com a esperança de que o problema fosse apenas um sistema excessivamente lento nas últimas etapas da instalação do 9.04 (aparentando estar travado), deixei o computador sozinho por várias horas, esperando que ele se resolvesse. Nada aconteceu e ele permaneceu paralisado. Depois de tanto tempo, sem qualquer resposta ao teclado ou ao mouse, não havia dúvida: ele estava irremediavelmente travado. Sem outra alternativa, desliguei o computador à força no botão de energia.
Ao religá-lo, o Ubuntu 9.04 estava indicado na tela do GRUB em substituição à versão 8.10. Ao ver isso, pensei que, apesar do travamento, a versão 9.04 estivesse suficientemente instalada (com algum eventual problema que pudesse ser corrigido pelo próprio sistema operacional). Escolhi carregar o 9.04 indicado no GRUB: a tela de carregamento do Ubuntu 9.04 apareceu, a barra de progresso evoluiu até estar completa, a tela ficou completamente escura, e então a esperada tela de login não apareceu. Na tela escura, não havia qualquer resposta ao acionamento do teclado ou do mouse. O computador apenas respondia ao duplo acionamento do botão de energia, desligando-se (pela demora nesse processo de desligamento, o computador aparentemente encerrava o que estivesse carregado antes de se desligar). Diante disso, a impressão que restou foi a existência de um Ubuntu 9.04 com problemas, que não conseguia ser carregado por completo.
Depois disso, tentei iniciar o Ubuntu 9.04 diversas vezes, e o resultado foi sempre o mesmo: tela escura inerte e um computador que só respondia ao botão para ser desligado.
Diante de uma situação crítica, carreguei o Ubuntu 9.04 em recovery mode, ciente de que talvez não houvesse interface gráfica e assim necessitasse usar comando em linha. O recovery mode foi bastante auto-explicativo e, por meio dele, tentei consertar algumas partes do sistema que estavam com defeito. Em recovery mode, o sistema baixou alguns pacotes, instalou e reinstalou alguns arquivos, e, por fim, acusou o conserto das partes problemáticas. O problema, no entanto, ao contrário do que foi indicado no recovery mode, permaneceu inalterado: continuei sem conseguir carregar o 9.04, parando na tela escura antes da tela de login.
Fiquei então num dilema:
a) buscar solução e consertar (provavelmente na raça, por linha de comando) o meu sistema capenga, ou
b) reinstalar completamente o Ubuntu 9.04, tentando antes resgatar os meus arquivos pessoais e eventualmente as configurações pessoais do 8.10.
Para ter um sistema operacional redondinho, sem remendo, optei pela alternativa B. Com o LiveCD do Ubuntu 9.04, acessei a partição do Ubuntu, gravei o diretório /home num pen drive de 4 GB, instalei o Ubuntu 9.04 a partir do zero, e então substituí integralmente o /home criado na nova instalação pelo /home que estava gravado no pen drive. O resultado foi um Ubuntu 9.04 redondinho, com todos meus arquivos pessoais e com grande parte das minhas configurações pessoais do 8.10. Algumas poucas configurações (provavelmente dados que não estavam no /home) não foram migradas para o novo 9.04, mas a maior parte passou para o novo sistema sem nenhum problema.
A parte mais trabalhosa da reinstalação do 9.04 foi buscar e instalar novamente os aplicativos e plugins que eu já tinha no 8.10. Aproveitei a oportunidade para ser mais criterioso e filtrar melhor o que seria instalado no meu computador. Assim, evitei alguns aplicativos que haviam se mostrado ruins ou desnecessários.
Se eu tivesse sido precavido, eu teria feito um backup completo do sistema (incluindo o /home) antes de uma atualização de grande porte. Para tanto, bastaria o Partimage ou o Remastersys (ainda não testei nenhum desses aplicativos, mas eles foram sugeridos em fóruns e blogs). A situação também teria sido menos crítica se o /home estivesse numa partição diferente do resto do sistema operacional. Enfim, por mais que seja Linux e por mais que seja estável, confiável e seguro, existem problemas imprevisíveis, que podem ser mitigados por ferramentas de Linux e procedimentos adequados. Shakespeare estava certo: estar preparado é tudo.
Um comentário:
Senhor Joaquim,
Lição número 1 para o Linux, nunca deixe sua /home na mesma partição que seu /
Aliás, se possível separe o /var e o /tmp também :P
Mas sempre bom ver que a escolha por Linux está cada vez maior!
Abraços,
Sentelhas
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